sábado, 8 de janeiro de 2011

Algumas coisas soltas e sem nexos.





O ano me iniciou de desejos, conquistas, nudez, mudez… me inicou também de decepcões, frustracões, dores, despaixões e desamores. Mas eu estou aqui, eu não caio, nem que eu tenha que ser também uma pedra no meio do caminho.
Terminei o ano envolto em um turbilhão de emocões… vivi um encontro, presenciei a divisão e a coragem. Estive dentro de mim mesmo através do olhar do outro, da interferência do outro, como se aprendesse a escrever com um alguém me segurando a mão sobre uma folha em branco, em alguns momentos era doloroso o momento da escrita, em outros era como sumir, desaparecer, porque eu me afundava nela e virava tinta e papel e mesa e/ou tudo o que fazia parte do universo de “coisa”, coisificável eu.
Eu não tenho inimigos. Eu sou uma pessoa que descobriu um modo de existir na vida das pessoas de forma branda, minha presenca pode ser rápida, violenta e dura, mas a minha presenca não se diz por seus adjetivos, ela se diz no predicativo, quando o sujeito abandona o transitivo direto, ou o indireto. Eu fico, eu sempre fico e eu sempre estou lá. Talvez por isso eu seja um ser que estar muitas vezes em muitos lugares ao mesmo tempo, fazendo sempre muitas coisas ao mesmo tempo… isso pra também estar na vida dos que eu amo e quero bem, mas eu só fico quado eu amo e/ou quero bem.
Essa coisa de ter emprego é muito estranho de dizer quando se é um bailarino, mas é que eu sempre acho que nem preciso me deter muito nessas explicacoes de territórios de atuacão, porque eu sou um bailarino mas estou sempre alguma coisa a mais. É que o poder sempre me assustou, o poder corrompe tudo sempre ne? e eu naum quero um poder maior do que o poder da escolha, o poder da autonomia e da independencia. Porque eu não tenho uma relacão muito boa com o amor, tenho preguica do amor que não seja fraterno. Acho que esa coisa de ter preguica do amor é coisa de gente fraca e medrosa mas eu prefiro ser assim, mas só nessa perspectiva aceito a assinatura do medo e da fraqueza em meu predicato. A Clarice Lispector diz assim “…minha capacidade de amar foi pisada demais meu Deus. Só me resta um fio de desejo. Eu preciso que este se fortifique. Porque não é como você pensa, que só a morte importa. Viver, coisa que você não conhece porque é apodrecível – viver apodrecendo importa muito. Um viver seco: um viver essencial.” É do livro Onde estiveste de noite. Do conto O relatório da coisa acho interessante essa coisa de que você vai ficando coisa feia, suja, estragada no viver a vida, acho corajoso viver, acho ingênuo também.
O problema da vida é talvez o fato de que ela não tenha resolucão, ela não finda e por isso precisamos - sem escolhas – estar nela, viver, sofrer, dividir, amar nela.
São os encontros talvez que a vão fazendo valer a pena, constituido estórias e histórias e fazendo valer a pena sentir as dores e culpas assim como os amores e felicidades.
Peguei o carro esse fim de semana e fui p o Cumbuco, é bom porque eu tenho tempo pra ouvir musica, ouco música somente quando estou dirigindo, daí pus uma mochila com sunga, bloqueador, cds, shortes, cigarros e camisetas e fui p lá peguei a estrada. Levei na mochila um liovro que comprei em Brasília mas ainda não havia tido tempo de finalizar, é um livro chamado Clarice na Cabeceira, um livro que reune alguns contos de Clarice com algumas indicacoes de artistas, jornalistas e etc… sentei na beira da praia no fim da tarde tomando cerveja e lendo… foi uma sensacao muito desestabilizante ler Clarice tomado cerveja na beira do mar, me emocionei algumas vezes, outras arrepiei e em outras chorei. Nada de depressao, chorei pela beleza da escrita pela emocaum da descoberta de mim mesmo, porque ela consegue fazer isso conosco… quem nao se encontrou em algum momento em uma das passagens da escrita de Clarice. Gostaria entao de dividir esse fragmento que muito ficou na minha cabeca, palpitando, como bicho vivo machucado.

“ … Talvez eu tenha que chamar de “ mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se nao posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “ Deus” e bom so porque eu sou ruim, nao estarei amando a nada: sera apenas o meu modo de me acusar.”

Do livro Felicidade Clandestina no conto Perdoando Deus.

Ate ja.

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