terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ai... Começou o carnaval!





- Quem é você?
- Adivinha se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.
- Eu sou seresteiro, poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro, só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão!
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão... Fui porta-estandarte, não sei mais dançar...
- Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!
Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr,
Deixa o dia raiar que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!


Começou, e eu sem máskaras, com os meus amigos também sem máskaras...
amigos de verdade, serpentinando a minha alegria, o meu cansaço, o meu viver!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Coragem aparece.


A Apatia é um estado de sensacão que anula, aflige, faz muchar. Quem muito está de cabeca na vida, querendo aproveitar dela o máximo de alegria e potências acaba em um momento ou outro passando por momentos de apatia. essa sensacão não pode ser vista como algo de todo negativo, tenho a sensacão de que a apatia é um descanso para quem muito tenta, para quem luta, para quem vive, para quem quer de alguma forma se presentificar em algo, em alguma "coisa".
Esse fim de ano eu ganhei três livros de presente que muito me encheram a vida - e as minhas áreas de conhecimento específicas - de sentidos, porque é para eles que eu corro nos momentos de aflicão, angústia - que agora são bem poucos - como que para me lembrar que o importante mesmo é ser grande, ou ser de uma forma outra quase que imperceptível. Eu quero me sentir que não sou um prisioneiro da vida de ninguém e que ninguém está aprisionado a mim, por motivo algum. Porém vivemos em um mundo tão louco que também enlouquece as pessoas, os bichos, e claro, a natureza. Não culpo o homem, o indivíduo pelas suas psicoses, neuras, loucuras e insensatezes... eu acho que a culpa é do tempo, que passa rápido, nos enche de informacões e nos deixa girando numa roleta russa sem controle, perdidos... como se estivéssemos no espaco sideral. Bem, um desses livros que ganhei chama-se AMOR LÍQUIDO (Sobre a Fragilidade dos Lacos Humanos), é um livro essencial para entender as loucuras da humanidade, pessoas fracas não devem lê-lo, as sensíveis demais também não porque ele mostra de forma bem direta e clara o grau de relacoes que nós que habitamos esse mundo que é ordenado pela ordem capitalista estamos vivendo. Zygmunt Bauman é o autor, um sociólogo da Varsóvia que faz esse relato e análise das relacões, muito interessante e instigante, em uma das passagens ele diz que

"...nós pertencemos ao fluxo constante de palavras e sentencas inconclusas... pertencemos a conversa, não aquilo sobre o que se conversa" me amarrei nisso, tem uma discussão bárbara sobre isso, envolve muitas coisas...

recebi de presente de minha amiga Sylvia um livro do Drummond, na verdade a BIOGRAFIA DO POEMA TINHA UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO , muito sensível essa leitura, me debruco sobre o livro e durmo amassando o óculos e as folhas dele, acordo com a cara marcada e os óculos no chão, porém o coracão parece amanhecer mais leve. e acho o Drummond cotidiano nesse poema porque quem de nós não teve uma ou várias pedras no meio do seu caminho das quais tivemos que desbravar coragem, forca e discernimento para movê-elas ou subir nelas para provarmos ser maiores não é mesmo?"

"NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA
TINHA UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO
TINHA UMA PEDRA
NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA

NUNCA ME ESQUECEREI DESSE ACONTECIMENTO
NA VIDA DE MINHAS RETINAS TÃO FATIGADAS.
NUNCA ME ESQUECEREI QUE NO MEIO DO CAMINHO
TINHA UMA PEDRA
TINHA UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO
NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA"

Eu precisei ter coragem para enfrentar sentimentos tristes, afetos de tristezas, a vida é uma grande surpresa, de onde vem carinho vem porrada, a falta de respeito é o que mais me agride, me roubem tudo o que eu tenho, mas não me deixem sem minha privacidade, só preciso dela pra ser feliz (E vc que está comigo todos os dias meu amor, vc que agora nesse momento dorme e eu velo teu sono com os pés esticados sobre as tuas costas nuas, costas que são minhas também), porém a vida não poderia me poupar de aprender mais um pouco sobre resiliência, resignacão e auto-controle... agradeco a vida, agradeco a poesia, agradeco as minhas tábuas de salvacão, obrigado ao meu amor que dorme.
Não existe afeto triste que resista a grandeza do mundo, eu pensei ter raivas, mágoas, sentimentos de injúria dentro de mim... mas não há, há algo maior, e muito mais nobre.

E que tenhamos CORAGEM, pois é dela que a vida pulsa.

Elis Regina, massagem nas costas, sanduiche de pão integral com capuccino mais tarde... chuvinha... dormir de conchinha.

cantando bem baixinho: " Esse teu olhar, quando encontra o meu fala de umas coisas que eu nem posso acreditar... doce é sonhar e pensar que você gosta de mim, como eu de você"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

De Arur da Távola para Carlos Drummond




Ter ou não ter namorado, eis a questão



Atribuído a Carlos Drummond de Andrade,
mas é de Artur da Távola
[veja pau e cobra]


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido

Da VIDA





não existe coisa mais nobre do que ter amigos, um amigo te enche a vida de alegria, te alimenta a alma, alguns de meus amigos são ébrios, outros são sóbrios... e outros são tão ébrios que conseguem ser sóbrios.
Eu não tenho como fazer uma lista das pessoas que me alimentam os dias de felicidades e encontros, ainda bem... as minhas aventuras são tão mais fortes que as minhas desventuras.
não existe forca nenhuma que te derrube se você anda de mãos dadas com os amigos. Eu agradeco todos os dias por eles.
Obrigado aos amigos que choram comigo, que seguram minha mão ou me acompanham em uma cervejinha num momento de decepcão - ultimamente não tem sido fácil - mas vocês estão ali me dizendo que tudo vai dar certo e o pesadelo vai passar, o monstro vai sumir e o mundo voltará novamente a ser claro. Já comecou a ficar.
Fico emocionado ao lembrar de vocês meus amigos. Obrigado por entenderem minhas fragilidades, sensibilidades e fraquezas.
ah! Obrigado pelos puxões de orelhas. Eu Vos amo.

Obrigado a Sylvinha, Adriana, André, Mateus, Roger, Ricardo, Luís, Caio, Edson, Rubéns,Pedro, Ronaldo, Fabrício, Paulo, Cesar, Joaum Gabriel... obrigado a todos os que eu naum conseguirei listar... vcs estão aqui dentro cada vez mais fortes... é de vocês que eu me alimento.Os meus amores.

Hoje eu dei uma aula de sapateado daquelas... me emocionei demais, me arrepiei ao coreografar o É do Gonzaguinha, a música é demais, os alunos eram demais. Sapatear me faz esquecer um pouco que sou gente, é uma sensacão de sumir, de desaparecer... eu desapareco dentro dele, dentro do som do meu sapato. o Sapateado me salva e eu sapateio é pra me transmutar.

To sem muita coisa pra falar, de pés pra cima, pensando no dia de amanhã, com saudades do meu amor loiro.

Tomar capuccino, armar a rede, dormir até amanhã.
até já.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Delírios de um momento de nada.




O que existe de belo na vida que enfrento todos os dias é o fortalecimento dos lacos de fraternidade, afetos, contentamentos, adimiracões… amor que fluidamente me atravessam o cotidiano. O laço da fraternidade eu o aperto quando do meu lugar de gente me dou em empatia, me coloco no lugar do outro como se o reverso da situacão me tornasse um pouco melhor do que eu sou, me fazendo menos eu, me fazendo mais o outro e me mostrando que os dois lados são possíveis a mim e ao meu semelhante. A Fraternidade me dignifica… o meu olho fraterno é um olho de amor, ultrapassa a contemplacão e o horizonte se limita à coisa, o olhar fraterno de mim chega ao outro silencioso, cuidadoso, cantando baixinho como musica sussurrada ao ouvido simplesmente, silencia mais do que fala, não é rápido nem pesado, é como vento, tem massa invisível. É para o meu vizinho, o meu irmão, o meu cachorro, o morador de rua, é para gente.
O que me afeta é o que me traz sorrisos, lágrimas, soluços e arrepios, me pega como chuva inesperada em dia ensolarado, gosto de entender um afeto como uma surpresa, como um acontecimento inesperado no meio de um quase nada de acontecimentos, como um tudo no meio de um nada, palavra silenciada, tv sem imagem, livro sem palavra. O Afeto me constitui em ser pulsante, me alimenta de sensações – sejam elas boas ou ruins – um bom afeto é um bom contato, um afeto ruim é uma curva antes de chegar ao local desejado, essas curvas as vezes são dolorosas, nos perdem, nos iludem e ludibriam, nos fazem quase perder a dignidade… porém… sempre depois de uma esquina existe uma outra possibilidade de se seguir em frente, e lá vou eu, eu vou sempre, eu não me perco no caminho, pulo as pedras, afetado por elas me perco mais uma vez, descanso sobre elas e muitas vezes me disfarco de paralelepípedo para reencontrar o caminho do qual um afeto triste tenha me desviado. Sou afetado pela danca, pelo homem, pelo corpo, pela saliva, pela mão, pelo coracão, pela palavra, pelo sentimento… e também pela briga, pela luta, pelo indesejado, pelo mal educado, pelo intruso, pelo invasor, pelo que me difama e me desagrada, pelo que já foi um bom afeto, sou afetado pela pequenez da pessoa, pelo vazio delas, pela insignificância, pela não existência… pela fome, o ódio, a miséria, a intriga, pelo que me força.
O Contentamento é como resignação, me cala, me faz rezar, me faz ter dó e piedade, me dignifica porque contempla os que eu amo, os que me amam e os que eu nunca irei amar de forma alguma, me faz ser gente porque me faz ver que eu não sou Deus, e não sei se acredito se fui criado a sua imagem e semelhança, Deus parece ser tão grande e poderoso, ele criou o mar, as árvores, o homem, o sexo e sentimentos como o amor, a caridade e a piedade. Não. Eu não sou imagem nem tenho semelhança com Deus, sou muito pequeno para isso. Deus é infinito.
Admiro os meus amigos, os meus colegas de trabalho, as obras de arte. Admiro o Drummond, o Quintana, o Merce Cunnigham, a Bethânia, a Clarice e a D. Maria José (minha mãe), estes são os meus heróis, me constituo neles. Tenho admiracão pela música, a bossa e o jazz me fazem lembrar que Deus existe e mais uma vez que eu não poderia jamais ter sido gerado sobre à sua imagem e semelhança, eu não, mas os músicos sim. João Gilberto, Leny Andrade, Chat Becker, Janis Joplin, Simon and Garfunkel, Paul Simon, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Nina Simone, Sara Vaughan, Billie Holiday, Louis Armstrong… esses sim assim como Savion Glover foram criados à imagem e semelhança de Deus… eles são a prova da divindade, me fazem chorar e agradecer, os adimiro profunda e eternamente.
E o amor… ah o amor, agora eu prefiro cantar “… ah infinito delírio chamado desejo, essa fome de afagos e beijos essa sede incessante de amor…”

Um pouquinho maiss de meus delírios…

Volto já.
Pãozinho integral e capuccino, João Gilberto na vitrola. Uma saudade da Bezerra de Menezes.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Algumas coisas soltas e sem nexos.





O ano me iniciou de desejos, conquistas, nudez, mudez… me inicou também de decepcões, frustracões, dores, despaixões e desamores. Mas eu estou aqui, eu não caio, nem que eu tenha que ser também uma pedra no meio do caminho.
Terminei o ano envolto em um turbilhão de emocões… vivi um encontro, presenciei a divisão e a coragem. Estive dentro de mim mesmo através do olhar do outro, da interferência do outro, como se aprendesse a escrever com um alguém me segurando a mão sobre uma folha em branco, em alguns momentos era doloroso o momento da escrita, em outros era como sumir, desaparecer, porque eu me afundava nela e virava tinta e papel e mesa e/ou tudo o que fazia parte do universo de “coisa”, coisificável eu.
Eu não tenho inimigos. Eu sou uma pessoa que descobriu um modo de existir na vida das pessoas de forma branda, minha presenca pode ser rápida, violenta e dura, mas a minha presenca não se diz por seus adjetivos, ela se diz no predicativo, quando o sujeito abandona o transitivo direto, ou o indireto. Eu fico, eu sempre fico e eu sempre estou lá. Talvez por isso eu seja um ser que estar muitas vezes em muitos lugares ao mesmo tempo, fazendo sempre muitas coisas ao mesmo tempo… isso pra também estar na vida dos que eu amo e quero bem, mas eu só fico quado eu amo e/ou quero bem.
Essa coisa de ter emprego é muito estranho de dizer quando se é um bailarino, mas é que eu sempre acho que nem preciso me deter muito nessas explicacoes de territórios de atuacão, porque eu sou um bailarino mas estou sempre alguma coisa a mais. É que o poder sempre me assustou, o poder corrompe tudo sempre ne? e eu naum quero um poder maior do que o poder da escolha, o poder da autonomia e da independencia. Porque eu não tenho uma relacão muito boa com o amor, tenho preguica do amor que não seja fraterno. Acho que esa coisa de ter preguica do amor é coisa de gente fraca e medrosa mas eu prefiro ser assim, mas só nessa perspectiva aceito a assinatura do medo e da fraqueza em meu predicato. A Clarice Lispector diz assim “…minha capacidade de amar foi pisada demais meu Deus. Só me resta um fio de desejo. Eu preciso que este se fortifique. Porque não é como você pensa, que só a morte importa. Viver, coisa que você não conhece porque é apodrecível – viver apodrecendo importa muito. Um viver seco: um viver essencial.” É do livro Onde estiveste de noite. Do conto O relatório da coisa acho interessante essa coisa de que você vai ficando coisa feia, suja, estragada no viver a vida, acho corajoso viver, acho ingênuo também.
O problema da vida é talvez o fato de que ela não tenha resolucão, ela não finda e por isso precisamos - sem escolhas – estar nela, viver, sofrer, dividir, amar nela.
São os encontros talvez que a vão fazendo valer a pena, constituido estórias e histórias e fazendo valer a pena sentir as dores e culpas assim como os amores e felicidades.
Peguei o carro esse fim de semana e fui p o Cumbuco, é bom porque eu tenho tempo pra ouvir musica, ouco música somente quando estou dirigindo, daí pus uma mochila com sunga, bloqueador, cds, shortes, cigarros e camisetas e fui p lá peguei a estrada. Levei na mochila um liovro que comprei em Brasília mas ainda não havia tido tempo de finalizar, é um livro chamado Clarice na Cabeceira, um livro que reune alguns contos de Clarice com algumas indicacoes de artistas, jornalistas e etc… sentei na beira da praia no fim da tarde tomando cerveja e lendo… foi uma sensacao muito desestabilizante ler Clarice tomado cerveja na beira do mar, me emocionei algumas vezes, outras arrepiei e em outras chorei. Nada de depressao, chorei pela beleza da escrita pela emocaum da descoberta de mim mesmo, porque ela consegue fazer isso conosco… quem nao se encontrou em algum momento em uma das passagens da escrita de Clarice. Gostaria entao de dividir esse fragmento que muito ficou na minha cabeca, palpitando, como bicho vivo machucado.

“ … Talvez eu tenha que chamar de “ mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se nao posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “ Deus” e bom so porque eu sou ruim, nao estarei amando a nada: sera apenas o meu modo de me acusar.”

Do livro Felicidade Clandestina no conto Perdoando Deus.

Ate ja.

Mudancas


Ando sentindo mudancas por todos os lados, eu quero um cachorro, uma casa só minha, que poderia ser no centro de uma grande urbe, eu gosto da urbanidade, o transito me enlouquece mas eu gosto de sentir cheiro de gasolina, gosto de ir ao cinema, sair a noite e ter escolhas de gente, locais e comidas, de sexos.
Gostaria de reforcar algumas pessoas na minha vida e desejo que elas se multipliquem, tanto na minha como na vida de outras pessoas que eu também amo mas que não se conhecem umas as outras, gostaria de ser uma ponte gigante, com várias estradas para fazer esses cruzamentos, eu quero dancar muito esse ano, sapatear a vida inteira. Gostaria de esquecer uma grande burrada que fiz, um encontro infeliz em uma tarde naum promissora, gente pequena, gente mesquinha que na minha tentativa de ser grande, hoje nem tenho raiva, tenho pena e acho graca.
Ando distante do meu blog, vou voltar mais vezes, me faz bem escrever aqui, porque tenho sempre a sensacao de que é pra mim mesmo que escrevo, já que inguem, ou quase ninguem tem mesmo muito tempo pra ficar lendo blogs.
Acho que a sensacao de melancolia vem juto também com o ao novo, mas isso passa rápido, e essa é a melhor parte… saber que passa já.