domingo, 19 de dezembro de 2010

"D" de Dating.




Terca, 21 de dezembro no Apendre as 19h.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Na luta!







Lutar para existir de forma digna, alimentar desejos, abrir desejos, com um facão em punho na noite escura e deserta, abrindo caminhos e fortalecendo a estrada já existente.
Meus olhos saltam ao novo e meu corpo enfrenta a dificuldade com tesão e êxtase.
Estradas longas se cruzam e entrecuzam não para encurtar caminhos, mas para descobrir atalhos que acionam potências.

Meu pé é barulhento, minha mão está sangrenta, meu corpo não desiste, resiste, sendo feliz.

na boca seca uma vontade de dizer "vem".

cantando..."só uma palavra me devora, aquela que meu coracão não diz..."

Dados do livro resenhado:
Título da obra: Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe
Nome do autor: Loic J. D. WACQUANT
Editora :Relume Dumará
Número de páginas: 293


Publicado na íntegra 12 anos depois de uma primeira aterrissagem no terreno do boxe, Corpo e Alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe, de Löic Wacquant é um livro instigante. Instigante pelo modo como o autor nos conduz a uma viagem pelo mundo do boxe e pelas sensações corporais produzidas pela sua prática.

Neste livro, Wacquant se vale de vários aportes originais. Em primeiro lugar, adota como ponto de partida nessa pesquisa sobre os lutadores de boxe o “aprendizado pelo corpo” da ordem social. O trabalho também conduz o leitor por um intrincado labirinto de reflexões sobre a construção social da masculinidade e da virilidade entre os boxeadores, e de seus pressupostos teóricos e práticos. Discípulo de Pierre Bourdieu, ele há muito vem lançando seu olhar sobre os homens que entram nessa sangrenta mas gloriosa profissão, desvelando algumas das particularidades do habitus pugilista (Wacquant,1998)[1].

Conhecido por seus trabalhos pioneiros sobre a juventude pobre em vários países, o autor atualmente é professor de sociologia da Universidade da Califórnia, Berkeley e pesquisador do Centre de Sociologie Européenne du College de France. Seus principais temas de trabalho incluem: Marginalidade Urbana, Relações Raciais, Violência e Estudos sobre Instituições Penitenciárias. Possui trabalhos publicados no Brasil como Prisões da Miséria [Jorge Zahar, 2001], Punir os Pobres [Freitas Bastos,2001], Os condenados da Cidade [Revan, 2001]. Integra ainda coletânea A miséria do Mundo [Vozes, 1997], sob a direção de Pierre Bourdieu, com o artigo “A Zona”.

O presente trabalho apresenta análise sociológica e relato, conceito e descrição do cotidiano do boxeador. Um dos méritos do livro é a riqueza do material coletado: duas mil e trezentas páginas de notas sobre o mundo do boxe. E por isso essa obra é uma referência para quem se dedica ao campo tradicionalmente denominado da etnografia urbana.

Os principais pontos teóricos e metodológicos estão detalhados nos três textos que formam o livro 1- A Rua e o Ringue; 2- Uma Noitada no Studio 104; 3) “Busy Louie” nas Golden Gloves, e que passam por três eixos centrais a) os impasses da conversão moral e sensual ao cosmos pugilístico; b) a compreensão do ofício de boxeador; c) os questionamentos impostos pela sua inserção num clube de boxe do gueto negro de Chicago.

Quanto à sua entrada no campo, Wacquant começa afirmando que sua “aventura” de fato começou em 1988, quando procurava um ponto de observação mais acurado que permitisse tocar de perto a realidade cotidiana do gueto, uma investigação que desenvolvia na Universidade de Chicago em colaboração com William Julius Wilson[2], pesquisador negro de origem norte-americana, que se dedicou a estudar, no final dos anos 80, o agravamento das condições sociais do subproletariado negro residente nas áreas pobres da cidade. A colaboração com Wilson abrangia justamente o exame das estratégias sociais utilizadas pelos jovens negros do gueto, objeto original da pesquisa. Talvez por causa disso, Wacquant descreva de modo contundente o “acaso” de sua chegada na academia de boxe situada no bairro de Woodlawn, “um lugar precário e degradado”, levado por um amigo francês e judoca da Universidade.

Dessa “janela”, porém, o autor enxerga a oportunidade de questionar o que chama de visão do gueto como um universo “desorganizado”, e nos lembra que o falso conceito underclass, é analiticamente insuficiente para a compreensão da realidade do gueto. Insuficiente porque sob essa marca degradante estariam circunscritas, de modo indistinto, pessoas em situações muito diferentes, como beneficiários da assistência social, desempregados de longo termo, mães solteiras, famílias monoparentais, criminosos, membros das gangues, drogados e sem-teto.

O desafio de aprender um esporte, dentre todos, considerado o mais exigente, e ao mesmo tempo ser capaz de retraduzir essa compreensão dos sentidos em linguagem sociológica, sem com isso minimizar suas particularidades mais distintivas, foram alguns dos percalços também anotados pelo autor, sublinhando a maneira decisiva como influenciaram no desenvolvimento desta experiência etnográfica. No entanto, são também o que constitui a possibilidade de realização de uma sociologia do boxe. Como observa, mais adiante na página 22, “tudo deve ser feito para escapar ao objeto pré-construído, ao exotismo pré-fabricado da profissão, seus mitos de heroísmo e ascensão social, tão presentes na mitologia sobre as lutas, que trazem a ameaça de excesso de sociologia espontânea”. Por isso, o objetivo de Wacquant neste trabalho foi apreender a lógica social e sensual que informa o boxe, pelo seu lado menos conhecido e espetacular, percorrendo os ritos ínfimos e íntimos da vida do gym, atividade levada a cabo pelo pesquisador inserindo-se na realidade nativa com a qual se confrontou. Durante três anos, Loic Wacquant integrou uma equipe na academia, iniciando-se nos rudimentos do ofício de boxeador e onde cultivou relações de amizade com treinadores e boxeadores do lugar, observando in vivo a gênese social e o desenvolvimento das carreiras pugilísticas.

Para compreender o ofício do boxeador, o desafio e a proposta que Wacquant se coloca é em primeiro lugar tematizar o corpo, não apenas de uma posição distanciada, mas partindo do próprio corpo como instrumento de investigação e vetor de conhecimento. Neste empreendimento, o autor lança mão da noção operativa de habitus, um dos conceitos centrais que preside a obra de Marcel Mauss (1974), desenvolvido anos mais tarde por Pierre Bourdieu, autor que irá ressaltar mais a questão do habitus [ou hexis] como uma forma pré-reflexiva do corpo introjetar as experiências do mundo, transmutando-se em uma “política incorporada”. Desse modo, Wacquant situa o boxe tanto como uma técnica corporal, resultado das montagens biopsicossociais dos atos mais ou menos habituais na vida do indivíduo e na história da sociedade, quanto como uma “disposição incorporada"[3]. Para Wacquant, pôr fisicamente em jogo o corpo nesta investigação consistiu em uma dimensão tanto mais enriquecedora quanto permitiu novas possibilidades interpretativas.

Em A Rua e o Ringue, o texto mais denso do livro, o autor articula três níveis de discussão, bastante imbricados, para demonstrar a aquisição da aprendizagem do esporte: 1) as representações sobre o mundo do boxe, suas “leis” e suas “promessas” 2) a regulação da violência, a cultura da rua e a masculinidade 3) A “gestão” do corpo do boxeador, enquanto uma pedagogia visual e mimética.

Para descrever como se dá o trabalho de conversão ginástica, perceptiva, emocional e mental do boxeador na sociedade norte-americana contemporânea, o autor retoma Émile Durkheim para abordar o boxe como uma escola de moralidade, isto é, como “uma máquina de fabricar o espírito de disciplina, indispensável à eclosão da vocação pugilística" (:32). Assim, desde logo, afirma ser o habitus pugilístico, uma empresa que se funda sobre uma dupla antinomia: uma atividade que parece estar situada na fronteira entre natureza e cultura, mas que exige uma gestão quase racional do corpo e do tempo de modo muito complexo. Uma outra contradição diz respeito ao boxe apresentar-se como um esporte extremamente individual, mas que não põe só em causa o indivíduo, sendo obra da razão prática coletiva e individual. Parafraseando seu mestre Bourdieu, nos lembra da importância do esporte como uma prática corporal que encerra um conjunto de questões teóricas de primeira importância, pois “o esporte é junto com a dança, um dos terrenos em que se coloca com acuidade máxima o problema das relações entre a teoria e a prática, e também entre a linguagem e o corpo” (: 34).

Uma contribuição importante desse estudo é mostrar como é necessária alguma integração sócio-econômica para levar a cabo o regime e a moral do treinamento exigidos para obter este aprendizado. O autor assegura como fundamental uma boa dose de ascetismo físico e mental para enfrentar os desafios do esporte, pendor que os jovens saídos das famílias mais despossuídas têm de desenvolver para ganhar competência esportiva, sob a pena de serem sumariamente eliminados pelos treinadores, os verdadeiros senhores dos templos pugilísticos. Paradoxalmente, as “leis” da disciplina espartana do boxe penitenciam severamente os mais excluídos. Em suma, contrariando a mitologia coletiva sobre os lutadores como seres situados nas escalas mais baixas da hierarquia social, a análise de Wacquant mostrou que o perfil socioeconômico dos pugilistas profissionais é mais elevado que o do segmento mais empobrecido da população masculina do gueto.

Não é fácil escrever sobre os boxeadores sem esbarrar em estereótipos sobre sua “natureza selvagem”, e esse é um dos pontos altos do livro: a forma como Wacquant vai montando episódios que trazem depoimentos desses homens que sacrificam seus corpos, nos oferecem as categorias de julgamento que ordenam o mundo dos afetos e dos desejos dos lutadores entrelaçados à possibilidade de ascensão social - da exclusão e da pobreza ao estrelato, freqüentemente efêmero, mas que ainda assim os instiga a uma vida diferente. A partir de dados etnográficos detalhados, Wacquant descreve, em terceiro plano, a apropriação, por impregnação progressiva, de um conjunto de mecanismos corporais e de esquemas mentais que informa o boxe como ofício do corpo, para além de sua descrição como esporte puramente bárbaro. Diante das questões que dão ao capítulo sua unidade, a gestão do corpo é o tema em que o autor mais se detém. Como afirma na página 78, “as regras da arte pugilística remetem a movimentos do corpo que só podem ser apreendidos completamente em ato”. Somente através disso, pode-se entender um pouco da pedagogia peculiar do boxe, que se faz pela repetição e imitação e, paulatinamente redefine um a um todos os parâmetros da existência do lutador. Disso resulta um saber prático, composto de esquemas corporais, emocionais, visuais e mentais, relacionado essencialmente a um processo rigoroso de educação do corpo, constantemente remodelado segundo exigências próprias ao campo. Não é à toa que o autor assinala como indispensável ao conhecimento adequado do objeto, a apreensão indígena da embriaguez sensorial do boxe, domínio no qual a teoria tem pouca utilidade, uma vez que a compreensão pelo corpo ultrapassa e precede a compreensão visual e mental (: 89). Sua posição no campo tem como base o “abandono”, colocando em xeque antigos pressupostos que tentam focalizar racionalmente uma distinção entre o corporal e o mental, modos típicos de consciência que, segundo Wacquant, estão fora de propósito no universo do boxe, onde não há uma “razão raciocinante”. Por isso, ele qualifica a aprendizagem bem sucedida do boxe, como um processo que se inculca de modo lento, uma sensibilidade pugilística incorporada feita da combinação de disposições quase antinômicas: pulsões e impulsos inscritos no mais profundo do indivíduo biológico no limite do cultural e do selvagem, modificada a cada instante pelo seu agente, embora não inacessível ao cálculo explícito da consciência individual (:119).

No segundo texto, Uma Noitada no Studio 104, o autor nos fala mais detidamente de dois anos de submersão intensa, descrevendo desde uma jornada, reuniões de boxe e festividades em bares do bairro até o comparecimento às etapas dos torneios, lutas e comemorações sociais. Sua contribuição neste capítulo é nos conduzir aos meandros da realidade nua e crua dos pugilistas, seus treinos prolongados, as penúrias enfrentadas como moradores do gueto negro, as privações familiares, sexuais e alimentares vividas por estes seres, suas alegrias e êxtases nas conquistas diárias, enfim a uma descrição densa da história da vida privada do lutador, vivenciando batizados, casamentos e funerais. Aqui ele assinala mais uma vez que realmente estava lá. A riqueza deste capítulo repousa nas inúmeras transcrições de trechos de seu diário de campo. Surpreende o modo como pôde captar o panorama, os antecedentes e o contexto de onde emergem os pontos de vistas desses homens e os conhecimentos práticos acerca desse ofício. Trata-se do testemunho de um pesquisador que participou do cotidiano da Rua 63, a ponto de lançar dúvidas sobre sua verdadeira missão ali como sociólogo. É o que demonstra o comentário de seu companheiro de treino duro (sparring) Curtis, que se espanta ao ver o pesquisador agindo como tal, tomando notas em seu diário e usando o gravador: “um dia, você vai se suicidar Louie, porque você escreve demais”. Na noitada do bar Studio 104. Wacquant pôde também compartilhar de um contexto cultural específico da sociabilidade da classe popular afro-americana, com direito a conversas furtivas sobre mulheres, brigas, boxe, prisão, futebol americano e rap music. Isso ocorreu graças aos longos anos em campo que forneceram os fios com os quais teceu a camaradagem com os companheiros deste circuito.

O terceiro texto Busy Louie, descreve passo a passo sua preparação e a apresentação na temporada de 1990, em um campeonato importante, o Chicago Golden Gloves. Para este evento nosso sociólogo boxeador condicionou, ao longo de sete semanas, suas costelas e sua mente para agüentar os treinos duros, deixando que seus parceiros o golpeassem centenas de vezes. Segundo Wacquant, só um raro estado de corpo e mente permite a um ser humano empreender tal atividade. Não se consegue isto por um simples estado de vontade. Só isso o fez compreender o que realmente significa preparar-se para um combate: dia após dia, submetendo-se aos rigores intratáveis e incontornáveis do treinamento. E este pode ser comparado a um verdadeiro ritual de mortificação, ao modo de uma religião em que o sacrifício é a palavra de ordem (:272). O resultado desta luta de muitos meses, não significa propriamente o final, segue sendo um desafio à imaginação, à originalidade da pesquisa, e serve como modelo de prática etnográfica.


Dividindo um pouco do meu lugar nesse momento! se naum vale pelo lugar em si pode valer pela leitura e pelas conexões sugeridas.

saudade boa.

Me deu uma saudade disso,

me emocionei revendo... deu vontade de repetir.

http://www.youtube.com/watch?v=Ynt78soWM20

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Do que me passa ( camisetas rasgadas, pés cansados)


teria muito o que escrever, em dias de olhares focados em mim mesmo de mim mesmo por eu mesmo, percepcao em zoom. Sensacão de estada mais do que de ida, sensacao boa, desestabilizante.
Olhar para o lugar do desconforto e me transportar para o tal, parece que o mundo me chama, um convite eu escuto, um convite eu canto.
o lugar do medo é o lugar de onde se olha para o umbigo, tentativa de descobrir uma outra forma de falar do que doeria, do que machucaria, do que faria chorar.
E Rimos, sorrisos largos de meninos, agressões, formas de dizer e fazer parte. Comunhão pederastia, pornografia.
Projeto em comunhão, cartas, falas, musicas, tenis, boxe, luta, Santos, Imagens, risos, cansacos, olhares, testas, barrigas, pesos... amor. corpogaydade.

prometo voltar logo.

Pra reforcar:

"existir é como respirar, só que mais silencioso"

"Cada ser humano tem uma história de vida inacreditável"

"O amor e uma grande coincidência"

domingo, 12 de setembro de 2010

DAS TURBINAS DO CORPO ( TREINAMENTO, CIDADE, CAPITAL)




É no cerne do território-cidade e na ação do capital sobre ele que se faz pertinente para mim traçar possibilidades de diálogos entre práticas e formas de habitar com/no corpo.
O que se estabelece a priori como formas e modos de fazer dança na cena contemporânea hoje talvez seja – em primeira instância - um punhado de ideias que se manifesta de forma organizada, sistemática e contínua de inquietações, que a verbalidade não consegue dar conta. Talvez por isso mesmo o dar a ver de uma arte do corpo esteja recheada de elementos que deixam o expectador confuso, desconfortável, incomodado, desestabilizado, como se a “coisa” no momento do acontecimento da obra instalasse um momento de rebeldia, de manifesto, de provocação, apologia da necessidade de se fazer/praticar arte. Aqui, por vezes a relação de partilha se compromete, considerando que o que se entende como arte contemporânea não é ainda do domínio do tátil para aqueles que habitam um lugar que funciona na lógica do sistema, o capital.
O que se perde e o que se ganha na produção da arte contemporânea, na imposição de lógicas de existir? Onde o ganho e a perda se encontram e como se complementam? Será que o ganho e a perda acontecem no campo da Formação? Como o capital determina a Formação e como nos defendemos de recortes que reproduzem o discurso do capital em nossas produções?
O momento privilegiado do estar junto para se pensar dança, ou qualquer outra instância onde se estabeleça um discurso de/em arte contemporânea, parece que surge cada vez de forma menos potente. Observa-se no cenário das produções de dança contemporânea do país um escasso número de trabalhos que tem como ponto primordial para sua efetivação a grupalidade. As companhias de dança dão lugar cada vez mais à proliferação - muito bem-vinda- de trabalhos solos, duos e pequenos grupos. Talvez seja um indicador de como a lógica do capital proporciona apartes, separatismos, individualidades que proporcionam a eficiência de uma sozinhez e a permanência nela, como possibilidade de existência enquanto artista. Observar tal trajetória é constatar que algo está mudando e constatar também que o capital tem grande influência no campo da produção artística.
Para além do campo do afeto existem espaços e instâncias onde o sistema se manifesta em voz alta, plenificando e fortalecendo processos outros de composição, habitares que dão lugar ao efêmero, que por sua vez conversa diretamente com a problemática do que se institui como sociedade de consumo. A plenificacão de estados de sozinhez conversam com tal lógica. Investigar tal relação de perto é ficar atento para formas de desestabilizar um não-possível.
O projeto de encontros do Tecido Afetivo trouxe discussões que fazem refletir sobre esta questão, assim como fez elaborar questionamentos sobre formas de diálogos entre o capital e fazer artístico. Quando pensa-se, por exemplo, na questão da formação de bailarinos, fica a dúvida se a ação proporcionada à dança que se faz hoje tem o poder de desalienar aquele que a pratica e também no sujeito que está na posição de receptor/colaborador/plateia. O que nos motiva e o que nos faz agir em nossos processos de criação? O que está para além do Capital? O que nos instiga a criar possibilidades de existência como artistas, mesmo sabendo que um futuro com acúmulo de capital provavelmente não será uma realidade? Como estabelecemos discursos críticos sobre habitar um mundo regido pela lógica do capital, sem fortalecer a relação dominantes x dominados? Estamos atentos a essas questões?
Se focarmos o bailarino, por exemplo, e analisarmos sua forma de estar no palco/museu/local de apresentação, sua presença está comprometida-atravessada por tudo o que lhe é exterior. É possível então pensar num fazer artístico criticizante que manifeste discordâncias inclusive com o nosso fazer no acontecimento da obra? Como esse corpo é turbinado? Como ele se presentifica? É turbinado de que? Se presentifica aonde? Essas questões talvez não encontrem respostas imediatas, não se manifestam isoladamente, como coisa que surge de um “self”, tais questões talvez sejam consequências do esgarçamento de viver no limite do “ter que se fazer presente” e do “ter que fazer turbinado”, imposições do sistema, muito mais do que exigências de competência artística.
Fortaleza, geograficamente, fica em uma beira de mar, de região, de atenção político-social, de abismos. A problemática social da cidade se esgarça de forma trágica: assaltos, assassinatos, drogas, transtornos mentais, prostituição. A riqueza da cidade está dividida entre algumas famílias de classe alta, que detêm a concentração de renda. Vivemos em uma cidade onde os privilégios são para pouquíssimos. O movimento da dança na cidade também se assemelha ao recorte de poder estabelecido pela sua geografia territorial-capitalística. O fazer dança em Fortaleza ainda encontra-se marcado pela prática nas academias, que direcionam também um dar a ver específico. Aqueles que saem de tal condição para experimentar outra forma de se praticar dança chega impresso de valores estéticos e sociais. Na maioria das vezes o diálogo com a dança contemporânea não se dá de forma confortável. Processos solitários de desestabilização se constituem, provocando a revisão dos conceitos e desmistificando pré-conceitos sobre a prática da dança que prescindam de espelho, sapatilha e linóleo.
O que se modifica em nós quando nos propomos essa descoberta? Ainda falamos de estranhamento, ao optarmos por pés descalços? O que determinou o desuso das sapatilhas de ponta, sapatos de sapateado, tchutchu? Em Fortaleza podemos perceber que quem tem dinheiro se familiariza mais facilmente com diversas técnicas de dança, enquanto quem não tem, como fica a espreita de oportunidades eventuais, cursos livres, workshops e projetos sociais que fomentem o trabalho em dança. O que sobra - a boa sobra – é o desejo de se presentificar na dança. E até aqui o capital se manifesta, limitando possibilidades, fomentando seleções competitiva e editais.
Como então traçar planos de trabalhos que provoquem afetos, que desestabilizem a lógica do impossível? Como pensar em uma não-presença que turbine a presença? E o que se estabelece como presença nessa lógica capitalista? Como não ser leviano?
Não quis fazer citações de Marx, Engels, Gadotti, Ivo Tonnet... Paulo Freire disse em algum lugar “o mundo não é, o mundo está sendo”. Estou tentando acompanhar o mundo, tentando entender por onde ele vai, fazendo minha crítica, ainda que calado, atravessado, mais sentido do que ofensivo, mais gente do que bicho, lutando internamente, estou tentando ser um “sendo”.
Um amigo outro dia me disse uma frase que me emocionou bastante, falou que estava quieto porque estava incendiando por dentro, tendo um incêndio interno, esses incêndios ninguém consegue ver ou apagar, nem sentir o cheiro do queimado, aquilo ficou em mim, achei bonita a imagem, assim como a achei dolorosa... quase que fez chorar, calei.
Pensar e sentir como um incêndio interno me parece lógico, a gente passa muito forno, quintura, secura na lida diária em nossos afazeres que se propagam externamente, para o mundo e com o mundo, o que vaza disso é o encontro, o mínimo de contato, as vezes como espinho que fura o dedo do pé, miudinho, mas faz ver. Fazer incendiar possibilidades, encontros, discussões e afetos parece também lógico e genuíno, pois isso escapa ao dizer, escapa ao tocar com as mãos, não se molha nem se queima.
Talvez o incêndio interno seja o que me turbina, e talvez o que faz o fogo crescer seja a resistência, que eu não me perca, que eu não desista, que não nos percamos, que não nos desistamos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

aquele homem




Aquele homem (que tinha mania de agir como um menino) morria de medo de avião, tinha medo de muitas coisas: de não ter dinheiro, de não conseguir mostrar suas capacidades, de ficar no ostracismo, de ser esquecido pelos que o admiravam, tinha medo de se perder geograficamente e vividamente, se se mostrava forte era apenas para disfarçar silenciadamente a fragilidade que por vezes se apresentava como fraqueza.
Tinha nas mãos calos, na cabeça muitas idéias, no coração aberturas internas e no corpo fogo, chama, quente, a voz era pouca, tinha medo também de falar.
Andava sempre muito rápido, talvez com medo de que algum conhecido o reconhecesse na rua e o convidasse para um papo espontâneo sobre coisas que poderiam ser fúteis ou bobas demais, ele não se permitia o livre e a desobrigação, era carregado de responsabilidades que para ele eram a coisa mais importante da vida, embora aos olhos dos outros essas mesmas coisas fossem apenas o natural. E talvez aí morasse toda a sua angústia – Ele não sabia o que era o natural – a cada “novo tempo” que se iniciava perdia a noção do quando, do onde e do por que. Tinha várias questões, mas aparentemente só a ele próprio faziam tais questões alguns sentidos. Tinha medo de se tornar um homem triste e fazia da vida um eterno estímulo ao riso.
Caminhando em cidades desconhecidas (sim, ele viajava muito!) olhava para todos os lados querendo descobrir o que se escondia atrás de qualquer mínimo, atrás de qualquer corpo, atrás de qualquer possibilidade que se apresentava como coisa possivel-a-ele-também, tinha medo de não fazer parte, isso ia e vinha em sua cabeça como o palpitar de um metrônomo em trabalho.
Precisava sair, fugir, ou voltar para o lugar de onde surgiu, precisava fazer o caminho da volta para tentar achar o caminho para onde seguir, era perdido as vezes, grosso as vezes e extremamente dócil e sensível em umas outras vezes, não tinha amores certos, sua capacidade de amar era como a de amarrar e desamarrar cadarços, passava sempre por entre seus dedos, e pra ser mais sincero, ultimamente não estava usando sapatos com cadarços, preferia as sandálias ou os pés descalços.
Acreditava que uma hora acordaria do mundo sonhado no qual permaneceu adormecido por um tempo e escovaria os dentes mais como uma ação da vida cotidiana do que como uma necessidade fisiobiohigiênica, tomaria café mais com vontade do que com uma necessidade de se manter de barriga cheia, leria livros mais como um descompromisso do que um compromisso faria poesias, beijaria de olhos fechados, faria sexo de forma mais profunda e calma, como se não fosse uma máquina (era assim que os amigos, paqueras, rolos e outros adjetivos que preenchem a cama o chamavam e o conheciam, sim! Ele era bom de cama)
Sabia de suas necessidades de mudanças, sabia de sua in-maturação, sabia de muitas coisas. Sabia inclusive que não sabia de nada. Lia Filosofia, adorava falar de Aristóteles: ”O ser se diz de muitas maneiras” e se apegava a essa máxima para justificar suas caminhadas errôneas, seus fracassos de percursos, seus desejos mal saciados. Não era de todo ingênuo ou burro, era astuto e talvez por isso gostasse tanto de cachorros e gatos, eles também o são.
Gostava de chocolate e nunca resolveu sua relação com o cigarro, as vezes gostava de mulheres, era ciumento e possessivo, mimado e não entendia porque não tinha tido um filho com sua primeira e única esposa. Suspeitava das pessoas que o amavam, era inseguro nas relações, bebia muito, se alegrava imensamente no momento da embriaguez, cantava, falava bobagens e beijava e abraçava excessiva e inconvenientemente todos ao redor quando a sobriedade o abandonava, era engraçado, fazia caretas e mungangos.
Aquele homem não quer mais existir em tais condições, existe uma minhoca esperando um casulo dentro dele, liberdade e aceitação ele precisa entender, também precisa entender que o mundo é um eterno gerúndio e que palavras vêm e vão, discursos vêm e vão o tempo inteiro, não há tempo, não há tempo.
Cansado de reclamar para si mesmo procurou um papel, escreveu longas horas e depois releu pensando no que as pessoas o diriam se tivessem acesso a tais escritos, achou ridículo, riu sozinho com olhos fechados, olhou para o casaco no sofá daquele apartamento naquela cidade fria, abriu a janela, respirou tão profundamente que o frio entrou-lhe o corpo inteiro pelas narinas, resolveu dar uma volta... acendeu um cigarro, caminhou por horas e regurgitou todos os medos e as angústias, pensou várias vezes sobre que horas deveria sair de casa em direção ao aeroporto.
Como de costume chegou 5 horas antes do vôo, (tinha medo de avião, mas tinha mais medo de perder o vôo), procurou um lugar para fumar. Acabou o cigarro. Olhou mais uma vez para aquele universo de tantas diferentes gentes, se sentiu feliz, olhou-se no espelho da porta automática e achou-se elegante, adentrou o aeroporto, pegou a fila do check in e se preparou para um novo recomeçar, apostando que em algum momento tudo seria um pouco diferente, embora o que o esperava fosse ainda tudo igual, do mesmo jeito, do mesmo tamanho. Acreditava na possibilidade do mesmo, o lugar comum também oferece algumas possibilidades – foi o que pensou por último. Lembrou que detesta avião e súbito esqueceu tudo o que havia pensado.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

naum sei


Tenho vivido dias de não acreditar, uma sucessão de fatos me desestabilizam, me transferem de eixo, me tiram a sustentacão. o mundo é um urgir imediato.
acompanhar parece sofre, parece nao caber, a vida não cabe, não se tem tempo para viver!

vendo um filme de Capra fiquei com a frase na cabeca...

Life feels it self!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

em erupcão


Um estar em mim que se faz bicho recuado,
um desejo de novos
Uma potência storvada na minha palavra
Uma vontade de ir... ou de ficar e explodir de alegrias
Uma recusa as tristezas e afetos tristes
Uma necessidade de recomecar e recarregar pilhas
Calcar os velhos sapatos, disritmar palcos silenciosos
estar junto de boas vontades e desejos compartilhados,
Para além de um incêndio interno existe uma erupcão de desejos em mim por inteiro.

uma saudade.

domingo, 11 de julho de 2010





Era como se em um momento de descuido eu me tornasse mais do que um.
era um mixto de papos bobos com projetos sérios de constituicões que de mim são desconhecidas.
Eu vi pessoas crescerem, eu vi pessoas sofrendo, eu vi pessoas amando, eu vi pessoas se fregilizando e se fortalecendo através das fragilidades... eu vi que eu era mais de um.

sábado, 3 de julho de 2010

coisas soltas


A vida que nunca me basta se constitui em dança, encontros, músicas e a freqüência da conjugação do verbo chegar. Eu danço, eu encontro e me reencontro no e a partir de o outro.
Eu nunca sei o que em mim fala mais do que eu sou. Porque corrompido pela sociedade do consumo que se estabelece através da lógica do capital, parece-me que existe em mim o que habita nos excessos, eu corro, eu ando pegando ônibus menos do que deveria. Eu tenho duas casas e uma terceira que é o lugar onde sou um rei, filho, neto e vizinho. Eu danço, eu corro para dançar, eu reúno afetos em uma sala que de tão grande se faz pequena para a imensidão de energias produzidas de unos tão particulares e variados, existem grandes, pequenos, negros, brancos, gays, jovens, adultos e existimos todos nós juntos.
O amor que eu pensei haver me deixado se fortalece entre as embriaguezes e estados de torpor eufórico. As bocas que beijei se manifestam sedentas, calorosas, algumas me criam calos, como um quase desespero de encontro libídico, eu fecho os olhos no momento dos beijos e tenho medo de cair, é a embriaguez falando alto, me sinalizando o tempo de ir para casa.
Paquera no Arlindo, tentativa de beijo em outro local, mudança de território, mudança de sentidos e afetos... Olhou-me... Mudou a geografia... Esnobou-me.
A copa do mundo acabou para o Brasil, o país que se estabelece como potencia nacional por causa do futebol volta pra casa com sua moeda de troca desvalorizada, não somos mais uma camisa 10, continuamos sendo uma bunda e um samba, vixe e agora com a desvalorização da camisa... é bem arriscado que sejamos também um par de peitos. Ai ai ai que país lindo e estranho esse nosso.

Hoje me bateu uma saudade enorme de Chicago.

Volto depois!

terça-feira, 29 de junho de 2010







O caminho das coisas encontradas...
silencio de tempos que falei muito e ousei saber o que falar
O Silêncio abencoado...

volto mais tarde pra ser menos... o ser menos é sempre a mais genuina forma de desaparecimento

coracao feliz... em entendimento.

Fotos de Enrico Rocha no Encontro Tecido Afetivo,
Flexeiras JUnho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Coisas novas



O momento presente é um momento de quase desafio.

Casa nova, família maior, apartes,saudades, viagens

Estando em Brasília entrei em contato com um passado leve, doce, azul...
Ouvindo jazz e loucuras rompi a barreira do impossível e se fez possibilidade onde antes era apenas um traco de coisa alguma.

Entrando em órbita nova de encontros furtivos em mundo de letras, dancas e pensamentos, um tecido de pele que se faz afetivo por ser de muitos.

Transparencias...

cds... tantos cds, músicas, no meio de tantas algumas 3 ou 4 suspiradas, baixinhas no ouvido completando o "estar em mim" de forma possível, tátil. pisando de leve.

e eu quero o que não existe, eu sempre quero!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eu, Manu e uma vela.


de bracos e mãos cansadas de lutas cotidianas da quinta-feira, pernas preguicosas e aparentemente mais curtas atravessei um bairro inteiro pra alimentar aqueles que se falam por unhas, ausencias, carinhos e gemidos... os donos da casa.
no meio de luzes e velocidades deparo-me com o stagno, a inércia e a momentânea escuridão, nao existia movimento, parou-se a cor e o negro tomou conta do vazio universo dos pelos, gemidos e carinhos que agora eram temerosos.

um homem de chapéu, um outro também de chapéu... olhares para cima, como a contemplar um céu de águas que não caem. Uma subida em uma escada... como um escalar de uma colina, um encontro furtivo na calcada do outro lado, um desejo.

sentado, ao esperara que a colina seja alcancada, desperto me ao som da luz do telefone que chama, a luz me leva o olhar ao livro branco de folhas finas, capa plástica, limpo... tinha alguma coisa de artista em seu título.

Manoel de Barros. Parei. Vi embassadamente na escuridão, tateei, folheei, abri, iniciei a leitura e a luz acabou. Montanha ainda não escalada corro em busca de um fósforo, um isqueiro, um papel que fosse para ser queimado ao ponto de fazer possível aquele encontro.

vela achada, deitado em chão sujo, de camisa suja. Olhos cvuriosos, sensacões novas e intensas, como se tocassem meu coracão com o dedo, como se pudesse bater asas.

colina escalada, luz acesa.... vela não conseguiu ser apagada, continuou... perplexo que estava com tal encontro, ali fiquei, parado, caminhando apenas na leitura, como se a vida naquele momento se apresentasse a mim, delicada, leve e frágil, como a chama de uma vela.

Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.

Manoel de Barros


Aprendo com abelhas do que com aeroplanos. É um olhar para baixo
que eu nasci tendo. É um olhar para o ser menor, para o insignificante
que eu me criei tendo. O ser que na sociedade é chutado como uma
barata – cresce de importância para o meu olho. Ainda não entendi
porque herdei esse olhar para baixo. Sempre imagino que venha de
ancestralidades machucadas. Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão – antes que das coisas celestiais. Pessoas
pertencidas de abandono me comovem. Tanto quanto as soberbas
coisas ínfimas.
Manoel de Barros


Foto de Antonio Alegria
Espetáculo Dois Devaneios da Cia. dos Pés Grandes
Bailarino: Eu.

domingo, 2 de maio de 2010

Pois é.


let me see...

there are so many good things when giving and receiving are all about a relashionship... we never know exactly how things are being received or given, we are just there at the moment wide open, waiting and living.
other hand this moment is something that should be a celebration for both! otherwise it would be unfair.
Life is just one, moments sometimes are so intense and people are most of the time the most responsable for the losts.
there is also a moment when the more than perfect is undone.
the worst part it is when we have to live with the sorrow of the lost or the apart, anyway this is so needy in life.
First we get the moment that we think all the things are gonna be all right and that in some days you will be OK, this moment is horrible and painfull because it is when you know that you will have to learn how to walk again, without the old arm, shoulders, words and stuffs, the second moment it is when you get insane, you go nuts, you are able to kill anyone.
But there is a great moment, it is when you see that life is so much fair, and love is always back again, at this moment you start to respect yourself, to respect the other and to see other many ways of being happy.
At this moment you do not get angry anymore, what used to be a reason to get anger you get laughs and ashemed.
Life is so great,people are so weird but I just love them!
Thanks God I am a dancer!

A little of a Brazilian Genius Tom Jobim! He saved my sunday!

Pois é
Fica o dito e redito por não dito
É difícil dizer que inda é bonito
Cantar o que me restou de ti

Taí
nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então
disfarçar minha dor já não consigo
Dizer que nós somos bons amigos
É muita mentira para mim

E enfim
hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor foi tão injusto
pra quem só lhe foi dedicação

Pois é, e então

terça-feira, 27 de abril de 2010

DISRITMIA







O silencioso momento de um casulo.

Fotos do Fotógrafo Sol.

Cia. dos Pés Grandes

Volto mais tarde, prometo.

sábado, 17 de abril de 2010

Aviso


O Texto abaixo é de Paulo Mendes Costa,

Foi um presente encontrá-lo esses dias.

Umpouco de silêncio agora, para zuadar com mais potência mais tarde.

Para Maria da Graca

Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou
este livro:
Alice no país das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende,
pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do
sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo,
pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da
realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta
que Alice
faz à gatinha: “Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?”.
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou
pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação
perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares
essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás.
Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda
que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável.
Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O
importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as
criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados)
conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem
aberta.
Somos todos bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção
petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não
cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece,
geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser
grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete
vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de
enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato,
experimenta o ponto de vista do rato.
Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu? “.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na
política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até
amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando
corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias,
tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos que,
quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida
terminou! Mas quem ganhou?” É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a
gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a
vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres,
ganhastes.
Disse o ratinho: “Minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de
vezes.
Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como
todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam
romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas
energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria
um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas,
ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de
repente, mais devagar, muito devagar. Quero dizer seguinte: a palavra depressão
cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para
a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar
diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer
novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que
tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas
não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês
que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a
ser hoje um terrível rinoceronte: É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina
complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que
parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no
caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que
entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por
grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom
humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para
humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa
média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti
mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para
as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que
estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que
fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas.
Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal
forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de
lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice,
depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em
minhas próprias lágrimas”.
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é
perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Bobagens


"Tenho andado distraído, impaciente e indeciso..."

cantei Legião hoje no caminho para o trabalho, o caminho que faco é cheio de curvas, as curvas são cheias de genmte, as gentes são cheias de medos.
Eu porém andava hoje tão envolto no território da poesia que a música me proporciona que não percebi um quase assalto, um quase banho de lama e nem um quase passar- do- local- que- seria- meu- itinerário- final: o meu próprio local de trabalho.
depois me perguntei o porque de eu ser uma pessoa tão cheia de muitos quereres, tão cheio de muitos fazeres, tenho urgencia e pressa de viver que não sei ao certo se são salutares.
Daí que no trabalho me deparei tendo que fazer um cadastro de uma pessoa em situacão de rua ( eu trabalho no Centro de Atendimento á Populacão de Rua) ela havia acabado de sair da Penitenciária por tráfico, ouvi a história dela durante quase uma hora, ela chorou, eu não pude chorar, mas eu estava com muita vontade de chorar... é que hoje eu estava lembrando de amores que mandei embora, de pessoas especiais, de lugares que amo e de histórias de superacões minhas (não que não tenha ficado extremamente rompido com a história da moradora de rua, mas somos trabalhados para não nos envolver com os relatos que ouvimos no CAPR), daí depois do atendimento que fiz entrei devagarinho no banheiro... e chorei um pouquinho escondido, silenciado e rezado.
O trelefone tocou... "vc vem mesmo hoje?" era um convite para dar uma aula de sapateado... "... sim, claro... chego as 19:30h" desliguei o telefone... pensei onde estaria o meu cd estrategico... terminando o expediente fui embora... cantando "forca estranha"do Caetano Veloso... chegando a conclusão de que o que nos faz sustentar a vida é mesmo muito estranho.
a aula foi tranquila, o sapateado me faz sorrir.
E a minha danca.

Bobagem... bobagens... necessarias.

domingo, 4 de abril de 2010

Mostrando a cara!


das dificuldades todas de se estar em vida a que mais se torna tímida é a de mostrar a cara, dar se ao tapa, não revidar e mostrar a outra.
tanto a fazer e a dizer, mudancas:

1. Fim de temporada no quinta com Danca
2. Mudanca de cargo no emprego
3. Separacao
4. Busca de um canto para morar
5. rascunho do próximo trabalho da Cia. dos Pés Grandes
6. Ida a Brasília mais uma vez
7. Tecido
8. Romances sujos.

hum, muita coisa pra organizar, um eu habitado por tantos outros, um mixto, um estar vivo.

Volto mais tarde,

saindo a lá Heberiana.

sábado, 13 de março de 2010

Suspiros, música cantada ao pé do ouvido! DISRITMIA.





Linda temporada
Trabalho infindo de pensamento, limpeza, desapego e composicão. Tudo um risco
Uma aventura que só faz sentido se eu puder usar meus pés, uma aventura que se faz possível através do amor.

Dias de dizer que não dá mais, desatando nós, bifurcando uma estrada... saudades.

Emancipacão... choque entre Max, Paulo Freire e Nureyeve, um tanto de Merce Cunningahm no caminho.

Mudanca... a possibilidade de uma casa nova e minha, só p mim, com medo do aluguel.

Reencontro, novo, casulo, desejo, afirmacão, dinheiro.

No meio disso tudo uma vontade! um pouco de uma vontade.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Chapinha frouxa cadarco quebrado.


Desfazer, romper, quebrar, afastar, deixar de ver e ouvir, rasgar fotos, apagar tracos.
O fim de um amor é algo que suspende, faz flutuar, é intenso como o momento de seu início, só que com alguns transbordamentos, alguns excessos, alguns vazios de coisas cheias.
Não se sabe nunca o caminho de uma estrada de duas faixas, nem se sabe para onde vai a da direita e nem de onde vem a da esquerda, nessa metáfora o amor se constrói, o amor, pobre amor.
O que nossos egoísmos fazem com o amor! Matamos o amor a cada encontro com nossas fraquezas, matamos o amor de ciúmes, entendemos o amor como posse e excessos dele.
Amar não deve ser dor, não deve ser posse, não deve ser !

O amor assim como água é corrente, permanente, transparente, faz cócegas se subirmos os bracos ao alto, arde se atamos os bracos para serem algemados. Ele está, ele é, ele tem. Não existe um falso amor, existe amar e não amar. Nada se compara ao amor.

Pessoalmente todas as afirmativas, não tem julgo, não há crítica, há uma imensa nostalgia. O meu amor... aquele que me afrouxou as chapas e quebrou os meus cadarços foi embora, calou-se sumiu, entre músicas brandas e palcos invisíveis.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

BRECHANDO (do lugar de onde vejo) um pou-co.


Intensidades deveriam ser vividas com um mínimo de silêncio, delicadezas e honestidades. Tem uma parte das gentes que entende as intensidades como um momento de euforias, barulhos e extravagâncias, como se a imagem do “mais” fosse o que é “aparecível” (desculpem, não sei se esse adjetivo existe.) sem permitir ao que entendemos como intensidade – nós as outras partes das gentes - uma qualidade outra do calmo, do permanente, do estático, do elástico, que se move e por isso me parece estático, porque no estático existe forca e potência, porque no estático existe movimento.

Pensar no tempo, habitar e permanecer, exercício complexo que se aproxima do exercício também do entendimento do hábito, do que é hábito, do que não é, do que poderia ser... mas de tão rápidos que somos na vida ,nos fugimos de sua prática e vamos sendo nômades em nossas construções e modos de ser e estar. Não praticamos formas de permanecer, habitamos todos os lugares sem potencializar permanências e ficancas. Partimos o tempo inteiro, desconstruindo o que não teve o mínimo de tempo para ser fortalecido.

A sociedade de consumo que atravessa a crise do capital nos faz olhar o tempo inteiro para vários lugares ao mesmo tempo, olhar esse que utilizamos mais como um pedido de socorro por uma sobrevivência competitiva do que uma negação a uma permanência possível. Vivemos em um tempo onde tudo é fugaz, seco, rápido, fútil e nos falam o tempo inteiro através do mal uso das tecnologias que não podemos sofrer, não devemos chorar nem ficar tristes porque tudo é comprável, acredita-se na negação da tristeza como partícipe da vida, e que para todas as coias existem um preço para algumas outras existe um cartão de crédito. Então alguns de nós (eu inclusive) acabamos fugindo do aprofundamento do conhecimento de como a vida funciona e se mostra para o lugar do consumo como condição de felicidade e independência.

E é desse lugar, do lugar da brecha, que sou capturado através do espetáculo OS TEMPOS da Cia. Da Arte Andanças (Cia. Que também faco parte). É do lugar de onde vejo: brechas, cortinas, escadas... sempre escondido, com medo de olhar para o silêncio e calmaria que aquele universo me mostra e me convida, que entendo que a vida talvez não precise de tanta urgência, barulho e extravagâncias para ser intensa. O espetáculo me faz suspeitar que a vida é mais que arte e que arte é mais que vida (sei, meio clichê!) e que as duas se confundem o tempo inteiro através da ordem de suas intensidades e ordens.

Dramaturgia una, muito para descobrir sobre arte, sobre dança, sobre as composições, questionamentos mil, deles fica um muito inquietante, hoje assistindo muito atentamente o espetáculo, quase o estudando me perguntei e anotei no meu papelzinho, como coisa solta... “constituição do espaço a partir do corpo versus constituição do corpo a partir do espaço”. Impressão de doce violência de um corpo em um tecido vermelho, docemente agredido me senti, docemente agredido agradeci, agradecidamente agredi - me a ver o vermelho aparecendo novamente como monstro que vem me pegar, como o “velho babau” dos contos de fada de minha mãe – delicadeza e bucolismo – agradeci mais uma vez. Salve o boi da cara preta!

Tecido como transmutação.
Tecido como veículo de mutação – transporte para outros mundos e habitares. Viagem. O passaporte é o silêncio, como se o pudéssemos amarrá-lo e colocá-lo nas cabeças, nas costas, ninando, carregando, ando ando ando.

No ando, rolando, ganhando, dando, tantos sentidos, tantas movências fazendo sentidos, rolamentos cheios de sentidos, eu olhando, participando, agradecendo, me reconhecendo e agora? Eu ando ando ando.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


do que afeta fica sempre a emocão, a transfiguracão de um momento de estática em momento de pulsacão. as pernas tremem.
o que se vê quase sempre se esvazia depois de visto... fica a lembranca que é, também, mais um afeto. os olhos brilham.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O que me fica... ainda que não me pertenca.


achar as respostas antes mesmo das perguntas serem feitas.
Foi essa a sensacão que tive nos dias habitados em Cabo Verde, transfiguracões, mutacões e significados aparecendo o tempo inteiro, dancando a minha frente sem pudores, máscaras ou fingimentos.
Tudo concentrado, comida pesada, água por todos os lados, cervejinha virou cervejona... um copinho e parecia que três de cerveja brasileira estavam sendo a equivalência. embriaguez misturada aos estados de atencão e medo.
O forte de tudo, e talvez o mais frágil de tudo, foi pensar que foi preciso estar em um outro país para se aproximar dos que são daqui, dos que moram quase na outra rua, quintal com quintal.
distâncias que se aproximam na distância.
relacões que tracam outras, afetos que se desafetam e se transformam, misto de emocão e despudores, caminhadas em sentidos opostos do meu amor, parcerias que se pareciam eternas se eternizam em outros pés, nos pés de sempre, exatamente onde tudo comecou, exatamente lá, nostalgia e respiro profundo.
amor, paixão, vontades e dores de barriga, pão na madrugada, pouca cerveja e muita embriaguez... tudo escuro, claro só o dia.

E o amor em estado de reticências.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010



Silêncio
Nada mais, só o silêncio me faz ...

ps: Eu fiz essa foto em Cabo Verde, a última foto, o último silêncio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Distâncias e horas lentas


Tentar viver um dia de cada vez é o que mais me desafia nos dias de distâncias e horas lentas, nesse mundo coberto de luzes, cores, sons e desgracas sensacionalizadas pela tv colorida... (Tão colorida), me pergunto o tempo inteiro onde está o silêncio, onde está o que não cabe, onde está o que não precisa ser dito porque não cabe também... na verdade me pergunto tantas coisas e quanto mais perguntas surgem mais confusas as respostas se apresentam.
Tenho observado que as pessoas mudam, de uma forma tão radical e brusca que por um momento chego a pensar que elas nunca nem existiram. Não é decepcão o nome disso, não é revolta o que isso representa saindo de mim, não é raiva nem ira, é apenas uma tentativa de uma descoberta de como achar o tunning certo entre o amar, o aceitar, o desprender e o aceitar, essa tentativa na verdade talvez seja uma forma de conversar com o exagero do mundo das distancias e horas lentas.
Não é portanto razão de siofrimento ou repulsa, não é razão de nada, talvez nem seja algo, talvez seja apenas uma falta do que eu tenha a fazer.
O mundo é cínico, exagerado, excessivo... mas eu amo o mundo, as pessoas, alguns de seus cinismos faltas e exageros.
Eu quero é viver 100 anos.

Amo o samba!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010




Um pouco de Lya Luft

Foto de Antonio Alegria

Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha da vida,
sou construcão e desmoronamento,
servo e senhor
e sou mistério.

domingo, 3 de janeiro de 2010



porque para mim saudade é não saber.
não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento...



É essa a foto do outro post... e a foto do outro post são fragmentos de nosso espetáculo II DEVANEIOS, fotos de Marcelo Holanda no Teatro José de Alencar.


Resolvi voltar...
Para um recomeco extremo, de delicadezas e palavras leves... esfiapadas... levadas pelo vento... em algum lugar há de chegar...
não sei o que há de mais em mim ou de mim no mundo que eu não vejo... as coisas parecem se tão coisas namaioria das vezes.
Um ano novo de recomecos... de anexos e conexos, de esadas, partidas e chegadas, artes e desartes, construcões e desconstrucões para um mundo desconhecido de objetividades e mais coisas diretas...
2010... aleluia!

Na foto Victor, Evan, Eu, Arnaldo, Caio, Rubéns e Edson, Marconi fez a foto, Henrique não pode estar conosco.

Cia dos Pés Grandes no Cumbuco.